segunda-feira, 18 de julho de 2011

AVALIAÇÃO: MG550 E MG6

O atual bom momento da indústria automotiva brasileira parece atrair todo mundo. Com um mercado que deve dobrar de tamanho até a próxima década, as montadoras olham para cá com apetite, na espera de conseguir a sua fatia de mercado – por menor que ela seja. É o caso da SAIC – Shanghai Automotive Industry Corporation – que chega ao Brasil. Mas de uma maneira incomum. A maior fabricante chinesa começa a vender os carros da antiga inglesa MG, marca adquirida em 2005. A estratégia é usar a fama e a tradição da fabricante britânica para vender automóveis feitos na China.

Por enquanto, serão comercializados apenas dois modelos. O sedã médio 550 e o fastback médio MG6, ambos feitos na unidade de Shanghai, mas com produção supervisionada pelos ingleses. E o primeiro problema aparece logo de cara. O primeiro será vendido por R$ 94.789, enquanto que o segundo será ainda mais caro, R$ 99.789. Valores muito acima da faixa dos sedãs médios de topo, que geralmente ficam perto dos R$ 80 mil. A tentativa, portanto, é oferecer algo diferente e original, que salte aos olhos diante da atual "frota" de Toyota Corolla e Honda Civic que invade as ruas brasileiras.

Os dois modelos têm propostas diferentes. O MG6 chega para ser uma opção esportiva, ao menos no design e no acerto da suspensão. A frente com grade em formato de colmeia se destaca, enquanto que os faróis têm máscara negra. Mas é de perfil que ele chama mesmo a atenção. O caimento do teto bastante alongado faz do MG 6 um cupê de quatro portas. A traseira tem lanternas que escapam para as laterais com acabamento no estilo "tunning".
O MG 550 é mais contido, no nível da concorrência. A dianteira é a parte mais vistosa, com sua grade cromada com formato irregular e os faróis com duas seções circulares interligadas pela área dos piscas. A lateral conta com uma linha de cintura elevada, passando um aspecto mais robusto ao sedã. Já a traseira é mais discreta. O terceiro volume fica em posição alta e as lanternas têm formato irregular.

Apesar de propostas estéticas e mercadológicas distintas, o conjunto mecânico é o mesmo nos dois modelos. Ambos são dotados de um propulsor 1.8 l com turbocompressor capaz de render 170 cv de potência e 22 kgfm de torque, além de uma transmissão automática de cinco velocidades com opção de trocas sequenciais. As dimensões também são próximas. A distância entre-eixos é de 2,70 metros, exatamente a mesma de um Renault Fluence e apenas 2 cm a menor que a do médio-grande Ford Fusion.

Como já é de praxe entre os veículos provenientes da China vendidos no Brasil, os MG tem uma vasta lista de equipamentos de série como atrativo. De fábrica, ambos vêm com airbags frontais, laterais e de cortina, ABS, EBD, BAS, sensores de chuva e luminosidade, controle de estabilidade e de tração, ar-condicionado dual zone, bancos de couro com ajustes elétricos, câmara de ré, sensores de estacionamento, GPS e sistema de multimídia com tela de 6,5 polegadas no painel. Itens comuns aos sedãs médios completos.

Agora sob controle da SAIC, a MG tenta, pela primeira vez nos seus 87 anos, alcançar grande escala em vendas. Nem quando foi controlada pela BMW, entre 1994 e 2005, a marca conseguiu isso. É um típico exemplo dos produtos "made in China" se espalhando pelo globo. A diferença é que a estirpe inglesa chega para dar uma ajuda.

Instantâneas

# A MG Motors foi criada em maio de 1924 e já em seu início contava com a logomarca com um octógono com as iniciais MG – Morris Garages.

# O início da MG foi com a preparação de carros modelo Morris. O primeiro modelo próprio só surgiu em setembro de 1924, com o 14/28 Super Sports.

# A MG vendeu seu milionésimo carro em 1975. A unidade era um MGB Roadster.

# A SAIC foi a fabricante chinesa que mais produziu carros em 2010. Foram 3,56 milhões de unidades.

# Dentre as joint-ventures da SAIC, está a com a montadora alemã Volkswagen e com a norte-americana General Motors.

Primeiras impressões

Confusão hereditária

Cotia/São Paulo – Vistos de cara, os dois MG não têm muita semelhança com os automóveis chineses que atualmente são comercializados no Brasil. O 550 até evoca uma certa simplicidade em sua aparência, mas com algo de requinte. O MG6, no entanto, é bem marcante. Mesmo assim, nos dois casos, fica clara a influência da parte britânica da aliança entre MG e SAIC.

Em movimento, os dois se mostraram dinamicamente bastante acertados. No travado circuito feito em um kartódromo paulista, o 550 apresentou uma suspensão mais rígida. Isso significa que, nas curvas fechadas, o carro pouco tende a rolar. As derrapadas eram realizadas com surpreendente controle. Ao passar para o MG6, fica claro que, ao desenvolver o modelo, a marca sino-britânica resolveu acompanhar a esportividade que o visual externo ostenta. A suspensão é ainda mais dura que a do sedã, deixando o fastback mais firme nas curvas.

Mas nem tudo é perfeito. O motor 1.8 turbo de 170 cv e 22 kgfm consegue movê-los de forma apenas decente. A culpa, em grande parte, é do peso, próximo aos 1.500 kg nos dois casos. O que também atrapalha é a transmissão automática. Ela demora a fazer as trocas e, mesmo quando elas são efetuadas nas alavancas atrás do volante, o resultado não é muito diferente.

Por dentro, os 2,70 m de distância entre-eixos se mostram úteis, proporcionando um bom espaço para os ocupantes dos bancos traseiros. Apenas os mais altos terão mais problemas no MG6, já que o teto rouba um pouco de espaço de cabeça. Na frente, a vida do motorista também é facilitada. Os bancos têm ajuste elétrico e a coluna de direção conta com regulagem de altura a profundidade, tudo bem intuitivo e fácil de usar.

Assim como o câmbio, o acabamento é outro ponto que deixa a desejar. O desenho é bonito, muito parecido com os dos atuais modelos da BMW – herança da época de controle alemão –, mas os materiais usados são muito pobres. Em um segmento que conta com rivais mais refinados, a importância dada ao interior deveria ter sido maior. No fim, parece que a dupla sino-britânica fica dividida em relação aos países de origem. Se na estabilidade a dupla importada pela MG lembra a rigidez e o bom comportamento dos carros ingleses, por dentro, eles estão mais para chineses.

Ficha técnica

MG 550/MG6

Motor: Dianteiro, transversal, 1.798 cm³, turbocompressor, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando duplo de válvulas no cabeçote. Injeção eletrônica multiponto sequencial e acelerador eletrônico.

Transmissão: Câmbio automático com cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Oferece controle eletrônico de tração.

Potência máxima: 170 cv a 5.500 rpm com gasolina.

Torque máximo: 22 kgfm entre 2.500 e 4.500 rpm.

Diâmetro e curso: 80 mm X 89,3 mm. Taxa de compressão: 9,2:1.

Suspensão: Dianteira do tipo McPherson com rodas independentes. Traseira independente do tipo Multilink com rodas independentes. Oferece controle eletrônico de estabilidade.

Freios: Discos ventilados. ABS.

Pneus: 205/50 17’’ em rodas de liga leve.

Carroceria MG 550: Sedã em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,63 metros de comprimento, 1,83 m de largura, 1,48 m de altura e 2,70 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cortina.

Carroceria MG6: Fastback em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,65 metros de comprimento, 1,83 m de largura, 1,48 m de altura e 2,70 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cortina.

Peso: 1.486 kg em ordem de marcha (MG 550). 1.490 kg em ordem de marcha (MG6).

Capacidade do porta-malas: 458 litros (MG 550). 429 litros (MG6)

Tanque de combustível: 62 litros.

Produção: Shanghai, China.

Lançamento mundial: 2008 (MG 550) e 2011 (MG6).




por Rodrigo Machado
Auto Press

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